domingo, 10 de julho de 2011

MANUAL PRÁTICO DO POETA VALDEMIR COSTA

Manual prático de como se fazer um poema em dez lições:


1ª. Lição: O poeta precisa se desligar do mundo, ficar em coma, de preferência físico, mas se não der pode ser alcoólico. Escrever como se estivesse em uma cadeira elétrica e se eletrocutasse a cada 5 segundos.

2ª. Lição: O poeta não pode ter medo de nada, o poema precisa ser poderoso, meio mafioso, o poeta precisa escrever como se estivesse se afogando em algo gostoso.

3ª. Lição: O poeta precisa escrever algo diferente, inusitado e ao mesmo tempo algo que todos conheçam. Algo perfeito e raro como um diamante ou prático e comum como um rolo de barbante.

4ª. Lição: O poeta precisa ser incisivo, específico e ao mesmo tempo superficial. Falar de um assunto sem dizer coisa alguma e ser compreendido, falar de vários assuntos com o mesmo tema ou variar o tema, mas manter o assunto. Ser prolixo sem falar absolutamente nada.

5ª. Lição: O poeta precisa sair do nada e ir em direção ao infinito. Não se importando se no final o poema ficará feio ou bonito, na verdade o poeta não pode se preocupar nem com a sua própria vida.

6ª. Lição: O poeta não pode ter escrúpulos, não poupe ninguém, mate todos no final, afinal! Estamos em guerra contra o aqui e o agora. Não pense, nem mire, só atire. Se acertar tudo bem, se não vá embora.
7ª. Lição: O poeta não precisa entender o poema, poema não precisa ser entendido, nem explicado. Poema é para ser sentido, cheirado, comido, como olhos de peixe, manga madura e jiló. Poesia é pimenta! Não é alimento, não sustenta, como leite em pó.

8ª. Lição: O poeta deve desconfiar de tudo, o poema precisa ser sujo. Ser bosta na forma de adubo. Sórdido como o vôo perfeito do super-men, sagrado como NY, São Paulo, Greenwich e Jerusalém.
9ª. Lição: O poeta precisa ser sem vergonha, fumar maconha, injetar na veia, ouvir o canto da sereia, andar pelado, nadar suado, se embriagar com o nada e se afogar no vazio.
10ª. Lição: O poeta não pode procurar a verdade, ele precisa ser a verdade, maciço com como o granito, mole como pipoca. Ser de rio e de mar como uma pororoca.

Na verdade o poema verdadeiramente poético é superficialmente abissal, metodicamente visceral, é o arquétipo de si. É o bem e o mal mastigados na boca de um dragão. É a antítese do sim, mas não é um não.



Bloco domiciliar cinco Meriti, Estado Continente Rio de Janeiro, 06 de
Janeiro de 3495.
Valdemir Jose da Costa

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